quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Bloco em São Luis homenageia Gerô


O compositor maranhense Geremias Pereira da Silva, o Gerô, assassinado por policiais militares em 2007, será homenageado, no carnaval de São Luis, pelo bloco “Pau Brasil”, do bairro Anjo da Guarda.

O samba que será apresentado pelo bloco, intitulado “Matar um homem não é calar sua voz”, é de autoria de Josias Sobrinho, Gigi Moreira, Jeovah França, Ribão Ribeiro e Wilson Bozzó. A homenagem, feita em tom de protesto, lembra o assassinato de Gerô, na tarde do dia 22 de março de 2007. Após ser torturado por três PMs, Gerô chegou sem vida ao hospital. Laudo do IML constatou que ele teve quatro costelas quebradas, os rins dilacerados e vários hematomas na cabeça e braços, inclusive com as marcas das algemas.

Gerô era negro, artista, cantador popular das ruas de São Luis, era casado, tinha 46 anos e morava na vila Cidade Operária, na capital do Maranhão. Com atuação política destacada, participara da campanha vitoriosa de Jackson Lago ao governo do estado.


PMs que mataram Gerô ainda não foram julgados

Os soldados Expedito e Paulo Roberto e o sargento Sérgio Mendes, acusados de terem participado do espancamento até a morte de Gerô, foram presos em flagrante e, após denúncia do Ministério Público, incursos em crime de tortura previsto na Lei n.º 9.455 de 7 de abril de 1997.

O tenente Carlos Alessandro e o capitão Lenine também foram denunciados por omissão ante a conduta praticada pelos PMs. Os dois, Alessandro e Lenine, por serem agentes públicos, poderão ser condenados à pena de detenção, que varia de um a quatro anos. O juiz da 7ª Vara Criminal de São Luís, José Luís Almeida, concluiu a instrução criminal do caso, mas até agora nenhum dos cinco acusados foi submetido a julgamento (Jornal Pequeno).


A morte de Gerô não é uma exceção

A morte de Gerô infelizmente não é uma exceção. Documento da Anistia Internacional lançado no final de 2005 mostra que a maioria das vítimas da polícia é formada por jovens pobres, negros ou pardos, e boa parte sem antecedentes criminais (ver matéria minha "Morte seguida de resistência", publicada no Palavrativa: http://palavrativa.blogspot.com/2005_12_01_archive.html).

Trata-se de uma ofensiva do Estado capitalista contra os cidadãos da classe trabalhadora. Ofensiva não-declarada oficialmente, entenda-se bem isso, para que não percamos a ilusão de que o Estado zela por todos, indistintamente.


Conheça um pouco da obra de Gerô

Disponibilizamos duas músicas de Gerô, que podem ser baixadas e ouvidas no player do seu computador.

O caboclo e o deputado

http://brasil.indymedia.org/media/2007/11//404330.ogg

A guerra do facão

http://brasil.indymedia.org/media/2007/11//404323.ogg

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