domingo, 8 de julho de 2007

Se uma sociedade baseada no mito da produtividade (e na realidade do lucro) precisa de homens pela metade - fiéis executores, diligentes reprodutores, dóceis instrumentos sem vontade própria - é sinal de que está mal feita, é sinal de que é preciso mudá-la. Para mudá-la, são necessários homens criativos, que saibam usar a imaginação”.

Gianni Rodari (1920-1980)



sexta-feira, 6 de julho de 2007

Pinto pelado

Ana Cléia da Conceição


Em 58, eu era um pouco atrasado,

Tudo que eu possuía era um pinto pelado.

Chegaram os meus amigos para jantar,

Olhei para a coroa e perguntei:

O quer faço para jantar?

Ela respondeu: - Mata o pinto e péla.

Para matar o pinto pelado,

Quebraram cinqüenta machados,

Fora os que eu pedi emprestado.

Mas quando o pinto morreu,

Foi pinto na panela, pinto na panelada,

Pinto no espeto, pinto na espetada.

Pinto pro vizinho, pinto pra vizinhada.

Levei pinto pro açougue,

Apurei 1 milhão, fora o que ficou fiado.

Cheguei em casa, olhei pra coroa e disse:

Agora estou todo arrumado,

Olhei pra despensa e tinha ¾ e meio de pinto salgado.


Esse texto faz parte de uma tradição oral, poema popular contado e recontado por aedos* anônimos. Foi recolhido por Ana Cléia da Conceição. Ana Cléia nasceu em Pio XII, Maranhão. É filha de Francisca Maria da Conceição e Mauro Luis Gonzaga. Um dos problemas atuais que mais a preocupa é o desemprego. Atualmente cursa o 1o Ano do Ensino Médio no colégio Newton Bello, em Pio XII. Faz aniversário no dia 22 de fevereiro.


*Aedo: (é) sm. 1. Aquele que, na Grécia antiga, contava em versos uma ação heróica. 2. P. ext. Poeta [Dicionário Aurélio].