Gilcênio Vieira Souza
Eleições
municipais em todo o país.
As
eleições para prefeito e vereador são as que mais aproximam o eleitor do
candidato, pois os que se candidatam são pessoas “mais visíveis” que os
candidatos a deputado, senador e governador. Nas eleições municipais, o eleitor
tem mais chance de conhecer o candidato, pois este é uma pessoa da sua comunidade.
Logo,
seria de se esperar que os eleitores errassem menos ao escolher prefeitos e
vereadores. Mas nem sempre é o que acontece. Uma das razões é que,
infelizmente, ainda predomina nas pequenas cidades brasileiras a cultura do
coronelismo e da corrupção eleitoral. Pio XII não é exceção.
O
coronelismo se caracteriza, entre outras coisas, pela perseguição aos que fazem
oposição ao poder, perseguição aos que tentam conscientizar o povo de que estão
sendo enganados pelos administradores e legisladores municipais (prefeitos e
vereadores). No passado, a principal marca do coronelismo era o voto de cabresto. Hoje, o voto de
cabresto continua existindo, disfarçado. Os coronelões de hoje, bem como os
coroneizinhos, tentam monitorar o voto, “acompanhando” o eleitor durante a
campanha até a contabilidade final dos votos da seção, através do boletim de
urnas emitido ao fim da votação. Publicamente, coronelões e coroneizinhos já
não podem andar portando o três oitão
na calça. E tem mais: tem que parecer que são pessoas do povo, não podem
denotar ter a dinheirama que de fato têm. Precisam parecer simples e bons.
A
outra face do coronelismo é a corrupção eleitoral, representada pela compra de
votos. As ofertas são diversas: dinheiro, cargos, proteção e/ou promoção no
emprego, material de construção, reforma e construção de casas, etc. Antes, o
candidato só pagava os votos mais caros depois que ele se elegia. Mas, o “mercado”
está mais exigente: os eleitores querem receber durante a própria campanha pelo voto que estão a vender. Em contrapartida, os candidatos também exigem
submissão mais imediata dos vendidos, que precisam não apenas votar, mas
demonstrar publicamente que aquele candidato é o melhor.
Tristemente,
isso tem acontecido em Pio XII. E o tragicômico é que tais fatos são conhecidos
da população, que silencia hipocritamente. Em alguns momentos chega a ser
risível quando você vê alguém defendendo um candidato e você lembra que um mês
antes aquele alguém falava tão veementemente contra o candidato que agora apoia
e defende. Nesse sentido, as redes sociais têm sido um testemunho dessas “personalidades
bipolares”, da sede cega pelo poder e da corrupção em nossa cidade. É divertido
(claro que é trágico também, já disse) encontrar no facebook, por exemplo, postagens em que o fulano assume uma posição
e, depois da negociata, assume posição diametralmente oposta. “Mas”, você pensa
consigo, “esse aí não era aquele que... Ah, deixa pra lá”.
Já
tentaram muito me comprar. A mim e a Annes. Nesta e em eleições passadas. Já
recebemos ofertas de casa, dinheiro, emprego, e, no último final de semana, um contrato e uma
reforma na nossa casa (adquirida com esforço próprio, diga-se de passagem). Mais uma vez recusamos. As nossas conquistas têm
sido fruto do trabalho duro. O nosso sono é tranquilo. O nosso voto não tem
preço. Como não tem preço a nossa dignidade.
A
compra e venda de votos é uma espécie de prostituição. Aquele que vende o voto
não está vendendo o corpo, claro, mas está vendendo a alma. E, se na prostituição, o/a prostituto/a tem que submeter aos
caprichos e exigências do cliente, na venda de votos não chega a ser muito
diferente, pois o eleitor tem que se submeter aos ditames do candidato. No
acordo com o cliente, fica implícito que posições aquele que vendeu o voto terá
que assumir. Posições? Ops!
Agora,
imaginem vocês uma cidade administrada por políticos com essa cultura e essa
mentalidade: que acham que comprar votos e chegar ao poder a qualquer custo é a
coisa mais importante do mundo. Se tais políticos pensam assim, é óbvio que desprezam
o povo e seus problemas.
Por
tudo isso y otras cositas más, é que
voto não tem preço. Tem consequências!
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