terça-feira, 24 de julho de 2012

Meu voto não tem preço


Gilcênio Vieira Souza
Eleições municipais em todo o país.
As eleições para prefeito e vereador são as que mais aproximam o eleitor do candidato, pois os que se candidatam são pessoas “mais visíveis” que os candidatos a deputado, senador e governador. Nas eleições municipais, o eleitor tem mais chance de conhecer o candidato, pois este é uma pessoa da sua comunidade.
Logo, seria de se esperar que os eleitores errassem menos ao escolher prefeitos e vereadores. Mas nem sempre é o que acontece. Uma das razões é que, infelizmente, ainda predomina nas pequenas cidades brasileiras a cultura do coronelismo e da corrupção eleitoral. Pio XII não é exceção.
O coronelismo se caracteriza, entre outras coisas, pela perseguição aos que fazem oposição ao poder, perseguição aos que tentam conscientizar o povo de que estão sendo enganados pelos administradores e legisladores municipais (prefeitos e vereadores). No passado, a principal marca do coronelismo era o voto de cabresto. Hoje, o voto de cabresto continua existindo, disfarçado. Os coronelões de hoje, bem como os coroneizinhos, tentam monitorar o voto, “acompanhando” o eleitor durante a campanha até a contabilidade final dos votos da seção, através do boletim de urnas emitido ao fim da votação. Publicamente, coronelões e coroneizinhos já não podem andar portando o três oitão na calça. E tem mais: tem que parecer que são pessoas do povo, não podem denotar ter a dinheirama que de fato têm. Precisam parecer simples e bons.
A outra face do coronelismo é a corrupção eleitoral, representada pela compra de votos. As ofertas são diversas: dinheiro, cargos, proteção e/ou promoção no emprego, material de construção, reforma e construção de casas, etc. Antes, o candidato só pagava os votos mais caros depois que ele se elegia. Mas, o “mercado” está mais exigente: os eleitores querem receber durante a própria campanha pelo voto que estão a vender. Em contrapartida, os candidatos também exigem submissão mais imediata dos vendidos, que precisam não apenas votar, mas demonstrar publicamente que aquele candidato é o melhor.
Tristemente, isso tem acontecido em Pio XII. E o tragicômico é que tais fatos são conhecidos da população, que silencia hipocritamente. Em alguns momentos chega a ser risível quando você vê alguém defendendo um candidato e você lembra que um mês antes aquele alguém falava tão veementemente contra o candidato que agora apoia e defende. Nesse sentido, as redes sociais têm sido um testemunho dessas “personalidades bipolares”, da sede cega pelo poder e da corrupção em nossa cidade. É divertido (claro que é trágico também, já disse) encontrar no facebook, por exemplo, postagens em que o fulano assume uma posição e, depois da negociata, assume posição diametralmente oposta. “Mas”, você pensa consigo, “esse aí não era aquele que... Ah, deixa pra lá”.
Já tentaram muito me comprar. A mim e a Annes. Nesta e em eleições passadas. Já recebemos ofertas de casa, dinheiro, emprego, e, no último final de semana, um contrato e uma reforma na nossa casa (adquirida com esforço próprio, diga-se de passagem). Mais uma vez recusamos. As nossas conquistas têm sido fruto do trabalho duro. O nosso sono é tranquilo. O nosso voto não tem preço. Como não tem preço a nossa dignidade.
A compra e venda de votos é uma espécie de prostituição. Aquele que vende o voto não está vendendo o corpo, claro, mas está vendendo a alma. E, se na prostituição, o/a prostituto/a tem que submeter aos caprichos e exigências do cliente, na venda de votos não chega a ser muito diferente, pois o eleitor tem que se submeter aos ditames do candidato. No acordo com o cliente, fica implícito que posições aquele que vendeu o voto terá que assumir. Posições? Ops!
Agora, imaginem vocês uma cidade administrada por políticos com essa cultura e essa mentalidade: que acham que comprar votos e chegar ao poder a qualquer custo é a coisa mais importante do mundo. Se tais políticos pensam assim, é óbvio que desprezam o povo e seus problemas.
Por tudo isso y otras cositas más, é que voto não tem preço. Tem consequências!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Exemplo de honestidade: maranhense encontra 20 mil e devolve aos donos


Apesar de ser rico em recursos naturais, o Maranhão é um estado pobre. A explicação: prefeitos e governadores se apropriam da riqueza do estado e não apresentam projetos de desenvolvimento econômico que propiciem educação de qualidade, reforma agrária, empregos e melhores salários para a população carente. Os políticos burgueses “precisam” de um povo miserável e sem educação, para continuar no poder à custa da compra de votos e da ignorância da população mais pobre. Uma elite formada por latifundiários, políticos e burocratas da máquina administrativa (além de agiotas e empresários) desfrutam de vida boa, enquanto a maioria dos maranhenses são obrigados a deixar o estado, em busca de melhores perspectivas de vida Brasil a fora.
Foi o que aconteceu com o maranhense Rejaniel de Jesus Silva Santos, que há 16 anos saiu de Arari (a 169 quilômetros de São Luís) para tentar a vida em São Paulo.
Rejaniel, de 36 anos, e sua mulher, Sandra Regina Domingues, que não sabe a própria idade, encontraram, por volta das 3h30 de ontem (9), um saco com cerca de R$ 20 mil em dinheiro, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, e entregou à polícia. Rejaniel e Sandra Regina – que costumam se abrigar embaixo do viaduto Carlos Ferraci (também chamado de viaduto Azevedo), na Radial Leste – ouviram o barulho de um alarme de uma loja e foram verificar o que estava acontecendo. Próximo a um ponto de ônibus, eles encontraram um saco de dinheiro.
No saco, havia R$ 20.004,00 em notas de 100, 50, 20, 10 e também em moedas. Eles entregaram todo o dinheiro – R$ 17 mil em notas e R$ 3 mil em moedas – a policiais militares do 8º Batalhão.
A quantia estava em um saco plástico e um malote igual aos utilizados por bancos, dentro de diversos envelopes de depósito bancário. Imediatamente, o casal ligou para o 190 e acionou a PM, que encaminhou todo o valor para o plantão do 30º Distrito Policial, do Tatuapé.
Segundo a polícia, o dinheiro foi roubado de um restaurante japonês na semana passada.
Rejaniel – que saiu do Maranhão há cerca de 16 anos para trabalhar em São Paulo com o irmão na construção civil – disse que lembrou dos conselhos de sua mãe quando decidiu devolver o dinheiro.
"Minha esposa viu o saco e falou: ‘E aquele saco ali?’. Na hora que eu fui lá e abri estava todo esse dinheiro. A única coisa em que pensei foi acionar o 190. Quando os policiais chegaram não acreditaram que eu estava devolvendo. Eu parei para pensar no que minha mãe falou para mim: nunca roubar nada que é dos outros", disse o morador de rua.
O maranhense Rejaniel e a mulher ganham por dia cerca de R$ 15 como catadores de produtos recicláveis. Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que perdeu o contato com a família depois que foi morar nas ruas, e torce para que a mãe que vive no Maranhão veja alguma das entrevistas que deu nesta madrugada para emissoras de TV.
"A minha mãe me ensinou que não devo roubar e se vir alguém roubando devo avisar a polícia. Se ela me assistir pela TV lá no Maranhão vai ver que o filho dela ainda é uma das pessoas honestas deste mundo", disse Rejaniel.
No meio da manhã, os representantes do restaurante foram à delegacia, conheceram os dois sem-teto e receberam o dinheiro de volta.
"Estamos muito agradecidos. Foi um ato de extrema humildade e honestidade que precisa ser valorizado", afirmou um dos sócios do restaurante, Daniel Uemura, 23.
Agradecidos, os donos da empresa deram duas opções ao casal. Uma delas são cursos de qualificação para trabalhar numa das unidades da empresa (além de restaurantes, o grupo tem peixarias e distribuidoras de pescados).
A outra são passagens e ajuda ao casal para se mudarem para o Maranhão, onde vive a família de Santos, que ele não vê há 16 anos.
Antes de decidirem o que farão, terão de enfrentar um problema. Segundo o casal, os ladrões que furtaram o Hokkai Sushi os ameaçaram. Por isso, desde ontem, foram instalados pelos empresários em um hotel da cidade.
EX-PEDREIRO
Santos é natural do Maranhão e foi para São Paulo para trabalhar com o irmão na construção civil. Em São Paulo, ele se casou e teve um filho, com quem não tem mais contato.
Após a separação, Santos perdeu o emprego, a casa e foi morar nas ruas. Conheceu a atual companheira, a paranaense Sandra, nas ruas. Ele vive com ela há cerca de quatro meses, debaixo do viaduto Azevedo, no Tatuapé.
Grato por poder mudar de vida, Santos diz que, agora, só espera o reconhecimento de sua própria família.
"A minha mãe me ensinou que não devo roubar e se vir alguém roubando devo avisar a polícia. Se ela me assistir pela TV lá no Maranhão vai ver que o filho dela ainda é uma das pessoas honestas deste mundo", afirmou.

Com informações do Estadão Online, Folha Online e Redação do JP.
Créditos das fotos: Joel Silva/Folhapress e Zé Carlos Barretta/Folhapress

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dança “proibida” por prefeito faz sucesso na praça


A dança indígena Guardiões da Amazônia, proibida pelo prefeito Mundiquinho Batalha de se apresentar no arraial do município, apresentou-se na noite de ontem, na praça central de Pio XII.
Apesar de entregar o projeto de apresentação da dança ao Secretário de Cultura, Telson Cruz, ainda no mês de maio, a dança, organizada pela professora Núbia Silva, havia sido proibida de se apresentar no arraial do município, por determinação do prefeito Mundiquinho Batalha. Nem o prefeito nem o secretário apresentaram qualquer justificativa para vetar a dança.
Diante do abuso de autoridade do prefeito, a organizadora dos Guardiões da Amazônia procurou o Ministério Público, que orientou a professora Núbia a apresentar a dança na praça da cidade. Assim, a professora Núbia encaminhou ofício à prefeitura municipal, à delegacia de polícia e ao Ministério Público comunicando a hora e o local da apresentação. Até minutos antes do início da apresentação, ainda se tentou impedir Os guardiões de mostrarem seu trabalho para a comunidade.
Apesar de toda a perseguição por parte do prefeito, a dança indígena foi apresentada. E foi um sucesso. Centenas de pessoas compareceram para prestigiar o trabalho dos Guardiões. Finalmente os piodozenses puderam assistir uma belíssima apresentação, que, apesar dos problemas de áudio verificados, não tiraram nem o colorido nem o encanto da coreografia caprichada e que já tinha sido vista por pessoas de seis municípios maranhenses. Ironicamente, só os piodozenses ainda não tinham visto os Guardiões da Amazônia em 2012.
Mas, graças à determinação da professora Núbia e de todos os guardiões, a população de Pio XII pode ontem, em fim, apreciar uma das mais importantes manifestações da cultura local. Touché!    

Uma administração marcada pela perseguição aos adversários
Se realmente pensasse no progresso de Pio XII, a administração Mundiquinho apoiaria o belíssimo trabalho dos Guardiões da Amazônia, grupo que propicia a um grande número de jovens participar ativamente da produção cultural, já que por parte da prefeitura não se vê incentivos concretos para o desenvolvimento da cultura em Pio XII (uma prova é a decepção que foi o arraial).
Em vez disso, em seus oito anos de mandato, a administração Mundiquinho Batalha tem se destacado pela perseguição aos adversários. Funcionários já foram deslocados dos seus locais de trabalho e relotados em povoados distantes, sindicalistas exonerados ilegalmente dos seus cargos, pessoas aprovadas em concurso do município que só foram chamadas depois de entrarem na justiça e outros absurdos mais.
O ato mais recente de perseguição do prefeito Mundiquinho foi a tentativa de impedir a apresentação dos Guardiões.
O coronelismo vigente em Pio XII mostra que Mundiquinho e família, seus secretários e aliados morrem de saudades do regime militar. Chega de perseguições. Alguém precisa avisar a essa gente do poder que a ditadura acabou.