terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Precisamos salvar os pandas





O urso panda é um animal muito simpático. Apesar de grandalhão, é dócil e brincalhão. Se receber folhas e brotos de bambu em quantidade suficiente para continuar levando sua vida tranquila de panda, dará milhares de cambalhotas ao longo da existência e será sempre afetuoso com as pessoas que lhe são próximas.
Existem hoje apenas 1600 pandas. Por estar ameaçado de extinção e ser essa simpatia de criatura, o panda é o símbolo mundial da luta contra  a extinção dos animais. Eu vejo no panda uma simbologia mais ampla e universal, o que me levou, nesse período natalino, a compartilhar com vocês minhas boas impressões sobre o ser-panda.
Em primeiro lugar, acredito que todo ser humano é, antes de tudo, um panda. Se conhecesse os pandas, Jean Jacques Rousseau teria dito que os seres humanos nascem pandas e a sociedade os corrompe. Explico as metáforas. Independentemente da época e da forma como a sociedade se organiza, o ser humano não precisa de muita coisa para ser feliz. Se dispuser dos recursos e das possibilidades que permitam levar uma vida sem preocupações, seja a comida caseira, mesmo simplesinha, diariamente à mesa, seja a apreciação de uma bela obra de arte, seja uma noite de amor sob um teto aconchegante, o ser humano pode ser feliz, sem sufocantes ambições ou terríveis restrições (econômicas, sexuais, etc.). Mas... no meio do caminho tem uma pedra; ou várias pedras.
As pedras: tudo o que aliena o ser humano, seja a exploração no trabalho, a demagogia e o cinismo da política burguesa, a publicidade industrial, a religião, a edição manipuladora da grande mídia, a repressão sexual, além das várias formas de violência e das artimanhas que não nos permitem viver de maneira digna e plena. Não tenho dúvida de que o ano de 2015 ficará marcado como um dos mais cruéis para a eliminação da nossa essência panda.  
Somos impedidos de levar uma vida simples como a dos pandas: saciando nossas fomes e, mesmo crescidos, exercitando nossa essência lúdica, eternas crianças que dispensam o entendimento da física da cambalhota, mas que só querem bolar ao acaso momentâneo, sem preocupações futuras.
Talvez venha daí, das sutis – embora misteriosas – semelhanças entre a nossa vida e a dos pandas, toda a simpatia que nós, humanos, temos pelo animal-símbolo da luta contra a extinção.
Motivo a mais pelo qual precisamos urgentemente salvar os pandas.