Apesar
de ser rico em recursos naturais, o Maranhão é um estado pobre. A explicação: prefeitos
e governadores se apropriam da riqueza do estado e não apresentam projetos de
desenvolvimento econômico que propiciem educação de qualidade, reforma agrária,
empregos e melhores salários para a população carente. Os políticos burgueses “precisam”
de um povo miserável e sem educação, para continuar no poder à custa da compra
de votos e da ignorância da população mais pobre. Uma elite formada por latifundiários,
políticos e burocratas da máquina administrativa (além de agiotas e empresários)
desfrutam de vida boa, enquanto a maioria dos maranhenses são obrigados a
deixar o estado, em busca de melhores perspectivas de vida Brasil a fora.
Foi o que
aconteceu com o maranhense Rejaniel de Jesus Silva Santos, que há 16 anos saiu de Arari (a 169 quilômetros de São Luís) para tentar a vida em São Paulo.
Rejaniel,
de 36 anos, e sua mulher, Sandra Regina Domingues, que não sabe a própria
idade, encontraram, por volta das 3h30 de ontem (9), um saco com cerca de R$ 20
mil em dinheiro, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, e entregou à polícia.
Rejaniel e Sandra Regina – que costumam se abrigar embaixo do viaduto Carlos
Ferraci (também chamado de viaduto Azevedo), na Radial Leste – ouviram o
barulho de um alarme de uma loja e foram verificar o que estava acontecendo.
Próximo a um ponto de ônibus, eles encontraram um saco de dinheiro.
No
saco, havia R$ 20.004,00 em notas de 100, 50, 20, 10 e também em moedas. Eles
entregaram todo o dinheiro – R$ 17 mil em notas e R$ 3 mil em moedas – a
policiais militares do 8º Batalhão.
A
quantia estava em um saco plástico e um malote igual aos utilizados por bancos,
dentro de diversos envelopes de depósito bancário. Imediatamente, o casal ligou
para o 190 e acionou a PM, que encaminhou todo o valor para o plantão do 30º
Distrito Policial, do Tatuapé.
Segundo
a polícia, o dinheiro foi roubado de um restaurante japonês na semana passada.
Rejaniel
– que saiu do Maranhão há cerca de 16 anos para trabalhar em São Paulo com o
irmão na construção civil – disse que lembrou dos conselhos de sua mãe quando
decidiu devolver o dinheiro.
"Minha
esposa viu o saco e falou: ‘E aquele saco ali?’. Na hora que eu fui lá e abri
estava todo esse dinheiro. A única coisa em que pensei foi acionar o 190.
Quando os policiais chegaram não acreditaram que eu estava devolvendo. Eu parei
para pensar no que minha mãe falou para mim: nunca roubar nada que é dos
outros", disse o morador de rua.
O
maranhense Rejaniel e a mulher ganham por dia cerca de R$ 15 como catadores de
produtos recicláveis. Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que perdeu
o contato com a família depois que foi morar nas ruas, e torce para que a mãe
que vive no Maranhão veja alguma das entrevistas que deu nesta madrugada para
emissoras de TV.
"A
minha mãe me ensinou que não devo roubar e se vir alguém roubando devo avisar a
polícia. Se ela me assistir pela TV lá no Maranhão vai ver que o filho dela
ainda é uma das pessoas honestas deste mundo", disse Rejaniel.
No meio da
manhã, os representantes do restaurante foram à delegacia, conheceram os dois
sem-teto e receberam o dinheiro de volta.
"Estamos
muito agradecidos. Foi um ato de extrema humildade e honestidade que precisa
ser valorizado", afirmou um dos sócios do restaurante, Daniel Uemura, 23.
Agradecidos,
os donos da empresa deram duas opções ao casal. Uma delas são cursos de
qualificação para trabalhar numa das unidades da empresa (além de restaurantes,
o grupo tem peixarias e distribuidoras de pescados).
A outra são
passagens e ajuda ao casal para se mudarem para o Maranhão, onde vive a família
de Santos, que ele não vê há 16 anos.
Antes de
decidirem o que farão, terão de enfrentar um problema. Segundo o casal, os
ladrões que furtaram o Hokkai Sushi os ameaçaram. Por isso, desde ontem, foram
instalados pelos empresários em um hotel da cidade.
EX-PEDREIRO
Santos é
natural do Maranhão e foi para São Paulo para trabalhar com o irmão na
construção civil. Em São Paulo, ele se casou e teve um filho, com quem não tem mais
contato.
Após a
separação, Santos perdeu o emprego, a casa e foi morar nas ruas. Conheceu a
atual companheira, a paranaense Sandra, nas ruas. Ele vive com ela há cerca de
quatro meses, debaixo do viaduto Azevedo, no Tatuapé.
Grato por
poder mudar de vida, Santos diz que, agora, só espera o reconhecimento de sua
própria família.
"A
minha mãe me ensinou que não devo roubar e se vir alguém roubando devo avisar a
polícia. Se ela me assistir pela TV lá no Maranhão vai ver que o filho dela
ainda é uma das pessoas honestas deste mundo", afirmou.
Com informações do Estadão Online,
Folha Online e Redação do JP.
Créditos das fotos: Joel
Silva/Folhapress e Zé Carlos Barretta/Folhapress
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