Nestas eleições, a população de Pio XII tem
assistido a uma campanha eleitoral com evidentes “sinais exteriores de
riqueza”. Trata-se da campanha de Carlos do Biné, sobrinho do atual prefeito
Mundiquinho e candidato à prefeitura de Pio XII pelo Partido Verde. O mais
irônico é que o candidato utiliza a expressão “simples como você” para se
apresentar aos eleitores. Uma campanha rica feita numa cidade pobre merece ser
analisada detalhadamente.
A carreata realizada pelo sobrinho do
prefeito no dia 11/08 mostrou esse contraste. Pela primeira vez em Pio XII um
avião “participou” de uma carreata, como declarou o locutor da campanha. Com
qual intenção? Impressionar os piodozenses? De fato, é impressionante como um
candidato que se declara simples, utiliza um avião em sua campanha,
contrastando com a vida humilde que leva a maioria da população. Como bem
declarou um cidadão ouvido pelo Notícias: “é uma falta de respeito
com a população usar um avião numa campanha quando não se tem sequer uma
ambulância na cidade para levar os doentes para São Luís!”.
Outro sinal de uma campanha nada “simples” são
as inúmeras histórias que circulam na cidade sobre “ofertas” feitas por Carlos
do Biné e seus aliados para conseguir o voto dos piodozenses. Os exemplos são
vários; entre os que o Notícias pôde
apurar estão o favorecimento no emprego público e o “pagamento” para eleitores
pregarem cartazes ou outras manifestações de apoio. Por essa razão, os
adversários apelidaram Carlos do Biné de Silvio Santos, uma referência ao
apresentador do SBT, conhecido pelo bordão “Quem
quer dinheiro?”. Bordão que tem sido muito ouvido durante essa campanha
eleitoral.
Essa é só a ponta do iceberg. “Tá tudo dando certo”; então, para que mudar? É um dos
refrãos da campanha. Faltou dizer: dando certo para quem? Sem dúvida, está
dando certo para a família Batalha e os mais “chegados”, mas não para a maioria
dos piodozenses. Se as coisas estivessem “dando certo” para os piodozenses,
grande parte dos jovens não precisaria sair da cidade para procurar emprego em
outros lugares. O maior registro de trabalho escravo já feito no Brasil foi em
2007, no Pará. Lá foram encontrados 1.065 trabalhadores escravos; tristemente, 70 deles eram naturais de Pio XII.
Se estivesse dando certo para os piodozenses,
não teríamos 31,5% de analfabetos na
população com mais de 15 anos (dados do IBGE, 2010). Teríamos projetos de desenvolvimento da leitura e a
biblioteca pública municipal não viveria constantemente fechada. Pelo
contrário: outras bibliotecas seriam abertas, estimulando os piodozenses a ler
(coisa que não interessa aos poderosos, pois um povo que lê, conhece mais seus
direitos e não se deixa enganar facilmente com mentiras).
Em Pio XII, os jovens que terminam o ensino
médio estão completamente privados de oportunidades; não são apresentadas
quaisquer alternativas para se desenvolverem na educação, na cultura ou profissionalmente:
não existe qualquer projeto do município voltado para o crescimento
educacional, artístico-cultural e/ou profissional dos jovens. Na visão da atual
administração, o ideal é deixar os jovens sem opções, pois assim é mais fácil
enganá-los com “ajudas” imediatas e que não contribuem para a autonomia da
pessoa. Na concepção deles, pessoas
que pensam e agem com autonomia, não é
bom; o ideal, para eles, são
pessoas no cabresto.
Outros dados obtidos pelo IBGE no censo de 2010 mostram que as coisas não
estão “dando certo” para a maioria dos piodozenses:
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De 3.175 domicílios na zona urbana de Pio XII, apenas 0,7% possuem saneamento adequado;
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Na zona rural, esse índice é zero: dos 2.220 domicílios, não há um sequer com
saneamento considerado adequado;
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O rendimento médio domiciliar por
pessoa em Pio XII equivale, na zona
urbana, a apenas 43% do salário
mínimo;
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Na zona rural, esse valor cai para apenas 31% do salário mínimo.
Poderíamos ainda falar das condições das
ruas, esgotos a céu aberto, etc. Logo, repetimos a pergunta: o que está “dando
certo”?
Outra face da campanha de Carlos do Biné é a demagogia. Esse é um dos artifícios
usados pelo governo capitalista para enganar o povo. Exemplo dessa demagogia é
apresentar o candidato Carlos do Biné como “simples” e “jovem”. Já comentamos sobre
a suposta simplicidade. Sobre o ser “jovem”, é preciso reconhecer que juventude
não é só uma condição física, mas espiritual e política. Alguém pode ser considerado jovem na idade e velho em
suas concepções de vida. Quão jovem é alguém que faz politica sob a base dos velhos esquemas de financiamento e em
benefício de uma minoria? O que há de jovem nessa atitude?
Pode ser considerada “jovem” uma pessoa
intolerante e que defende posições politicas ultrapassadas, como é o caso do
vereador Assis Filho, um dos principais defensores da candidatura Carlos do
Biné?
Em seu discurso, no comício do dia 11/08,
Assis Filho falou bobagens e baixarias. Uma das bobagens foi questionar que a
Praça do Gavião não teria sido construída pelo ex-prefeito Veloso (porém, com
certeza, seria destruída pelo atual prefeito Mundiquinho, responderam alguns).
O mais lamentável, contudo, foram as
expressões de ódio e de baixo nível que Assis usou contra o presidente da
Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), Flávio Dino. A baixaria protagonizada
por Assis aconteceu um dia após a visita de Flávio Dino a Pio XII, em apoio ao
Dr. Franzé, candidato à prefeitura pelo PC do B.
Não por
coincidência,
exatamente dois anos antes, em 12/08/2010, Assis Filho foi manchete na imprensa
maranhense por ter levado um grupo de jovens à cidade de Imperatriz para tentar
impedir o escritor Palmério Dória de lançar o livro “Honoráveis bandidos: um retrato do Brasil na era Sarney”. Durante o
lançamento do livro, enquanto falava o líder camponês Manoel da Conceição,
Assis e seu grupo “começaram a gritar e a jogar ovos nos membros da mesa.
Palmério Dória, que se levantou, foi atingido na barriga; Manoel, que tem uma
perna mecânica, caiu ao chão; os demais, atônitos, como eu, ficamos em pé, sem
sabermos ao certo o perigo que corríamos”, declarou o jornalista Adalberto
Franklin. As pessoas presentes entraram em confronto com o grupo de Assis e o
livro, felizmente, pôde ser lançado. Contudo, a intenção de Assis era calar, à força, a liberdade de pensamento e de
expressão do jornalista Palmério Dória. Esse é o “jovem” Assis Filho, aliado do
“jovem” Carlos do Biné.
Outro aspecto da campanha de Carlos do Biné é
a opressão. Opressão com que funcionários públicos são perseguidos, opressão
que sentem adolescentes, ouvidos pelo Notícias, que declararam estarem se
sentindo “obrigados” a participar da campanha. Opressão em forma de ameaças a
comerciantes, de que se não se aliarem a Carlos do Biné, terão que fechar suas
portas, como declarou cinicamente um dos coordenadores da campanha.
O governo de Carlos Biné se apresenta como a
continuidade do governo Mundiquinho. Tal tio, tal sobrinho. Se em matéria de
transparência, a administração Mundiquinho ganha nota zero, o que dizer do
futuro governo do seu sobrinho? Na gestão Mundiquinho, as contas públicas de
Pio XII são um mistério. Em 2008, Mundiquinho quase perdeu o cargo de prefeito,
depois de uma ação civil pública que culminou em julgamento no Tribunal de
Justiça, em São Luís. A maioria dos piodozenses desconhece esse fato. Como também
desconhecem que em processo recente foi pedida a indisponibilidade dos bens de
Mundiquinho, investigado por improbidade administrativa. Enquanto Pio XII vive
uma situação de carência evidente, a administração Mundiquinho evita mostrar ao
povo as contas do seu governo. Esse não
é um sinal de que as coisas estejam dando certo.
Em oito
anos de mandato, transparência não é
a palavra que define a relação de Mundiquinho com o dinheiro público. Em 2010,
o nome da prefeitura de Pio XII aparece num relatório produzido pelo Conselho
de Controle de Atividades Financeiras a respeito do escândalo conhecido como
Ópera Prima (desvio de recursos da saúde pública do Maranhão). Foi identificado
um depósito de R$ 180 mil da prefeitura de Pio XII na conta do ex-deputado
estadual Aderson Lago, pivô do escândalo e amigo de velha data de Mundiquinho.
As contas da prefeitura de Pio XII, apresentadas ao Tribunal de Contas (TCE)
por Mundiquinho, referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007 todas foram desaprovadas
pelo TCE.
Assim, as coisas não são tão simples
como parecem. A candidatura Carlos do Biné representa a continuidade de um tipo
arcaico de administração, baseada na perseguição aos adversários, na falta de
transparência, e no poder do capital: para esses políticos, os seus interesses
estão em primeiro lugar, não as necessidades e carências da população.
Você está de Parabéns !!
ResponderExcluirsábias palavras, que resumem atual situação política de Pio XII,não o conheço mais tenho profunda admiração pelo seu trabalho .
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ResponderExcluirMeus parabéns por vc está sempre empenhado na luta contra a corrupção, isso retrata á verdadeira situação q está vivendo a política atual de pio xll uma verdadeira sordidez eu como jovem estou dignado com essa situação. Q vive pio xll onde os mais humilde ñ tem vez . assina – FRANCISCO SILVA
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