domingo, 19 de julho de 2009

Escrevendo a história de Pio XII: contribuição dos leitores do blog

Como relatei em postagem do dia 07/07 (“Pio XII, uma cidade sem memória”), estamos recebendo fotos e relatos dos leitores do blog no sentido de registrar a história de Pio XII através da memória dos seus habitantes. A professora Célia Naiva enviou-nos o relato abaixo, que constitui um importante documento sobre a Pio XII dos fins dos anos 70 e início dos anos 80 e sobre o imaginário da época. Agradecemos à professora Célia e esperamos novos relatos, que podem ser enviados ao e-mail escrevendoahistoriadepioxii@gmail.com ou postado nos comentários do Notícias de Pio XII.

“Essa história aconteceu lá pelos anos de 1978 a 1980. Em nossa cidade tinha um personagem, conhecido por todos, era um senhor de mais ou menos 80 anos, gostava de um radinho, andava na cidade todinha, tinha poucos amigos, acho que o seu maior amigo era o seu radinho.
Eu tinha na época meus seis a oito anos. O meu maior medo era virar a esquina e encontrar o Ventinha, esse era o seu nome, pois, as pessoas diziam que ele virava bicho. E essa conversa não era só no meio das crianças da época, as pessoas acreditavam mesmo que ele virava bicho. Hoje eu mergulhando nas minhas lembrança tiro uma conclusão que o mundo está caminhando, em um certo aspecto, para o lado do bem, hoje existe o preconceito, mas pelo menos é "meio" camuflado, antes era totalmente debruçado em cima das pessoas.
Esse senhor era totalmente isolado das pessoas. Era negro, pobre e ainda morava na Rua dos Pretos, hoje Rua do Sossego, essa rua as pessoas de "bem" não poderiam passar por ela, se você conversar com alguém daquela época ela vai concordar. Me lembro que muitas vezes eu dormia na casa de meu tio, que morava ali pelas proximidades da usina do seu Almir e quando eu tinha que ir para o Cema, tinha que vir pela rua da Laranjeira só para não passar pela Rua dos Pretos. Nessa rua só moravam negros. Hoje, quando eu passo por essa rua e vejo a Maria Cideus, uma Negra Porreta que continuou morando lá, fico imaginando as histórias que ela tem para contar sobre esta época.
Sim, mas voltando para nossa historia, um dia estávamos (eu e meus amigos, que não eram poucos, graças a Deus) brincando ali próximo à casa da professora Luciene e de repente o Ventinha dobrou a esquina, na época aquela rua tinha umas três casas de taipa e tinha uma em que não morava ninguém, nós costumávamos brincar nessa casa, quando os meninos gritaram e começaram a correr por causa do Ventinha, meu coração disparou e eu caí, e – não me perguntem como – eu virei para o Ventinha e vi mesmo ele se inchando (olha como a mente das crianças viaja em um mundo encantado), levantei e comecei a correr; foi um dos dias mais emocionante de minha vida e se eu viver cem anos não me esquecerei desse dia.”
Célia Naiva

3 comentários:

  1. foi muito bom ler essa història jà que eu tenho somente 12 anos pra mim que estou quase na adolecência aprende uma bellìssima história

    ResponderExcluir
  2. foi muito bom ler essa història jà que eu tenho somente 12 anos pra mim que estou quase na adolecência aprende uma bellìssima história

    ResponderExcluir
  3. fico feliz em sabe que tem alguem que se emporta com a historia da minha cidade. pois estou longe e so assim fico sabemdo o que esta se passando por ai!

    ResponderExcluir