Intervenção "Removing pain", da artista Beth Moysés |
Soube quarta-feira que um rapaz, morador
da zona rural do nosso município, agrediu covardemente sua namorada, chegando
inclusive a rasgar as roupas dela. As duas jovens que me contaram, disseram
também, com grande revolta, que no povoado onde aconteceu esse absurdo os
rapazes são “muito violentos” com as mulheres. Se esses trogloditas tratam a
mulher dessa forma ainda na fase do namoro, imaginem o que farão quando se
tornarem maridos! Para algumas mulheres, o casamento se torna, então, uma lei áurea
ao contrário: ao se casar, elas estão decretando sua própria escravidão.
Infelizmente, violências desse tipo não
ocorrem só na zona rural, tampouco apenas em cidades pequenas. A violência contra
a mulher ocorre em áreas urbanas e rurais, em cidades grandes e pequenas, em países
desenvolvidos e em países atrasados. Tem raízes históricas numa sociedade
machista e patriarcal, que trata a mulher como inferior, subalterna, propriedade
do homem.
De maneira muito lenta e desigual, as
leis vão sendo alteradas, definindo em marcos legais a igualdade entre homens e
mulheres. No entanto, não se muda a cabeça das pessoas simplesmente alterando
as leis. E, apesar da tão propagada “sociedade do conhecimento” em que
supostamente vivemos, várias atitudes masculinas representam um tremendo
retrocesso, como se a cultura e a educação de alguns homens continuassem
circunscritas à estupidez medieval.
Poderia citar vários exemplos desses
comportamentos estúpidos, mas me limitarei a citar o caso da universitária
indiana de 23 anos, estuprada e morta por seis homens em dezembro passado (uma
organização não governamental denunciou ontem que cerca de 7 mil crianças por
ano são vítimas de estupro na Índia). Também ontem vejo aqui a notícia de uma
mulher torturada e queimada viva em Papua Nova Guiné, acusada de bruxaria. Ou seja:
tal como séculos atrás, em vários pontos do planeta as mulheres continuam sendo
vítimas da violência, simplesmente por serem mulheres.
Em um ponto do planeta, uma mulher
sobreviveu a duas tentativas de assassinato por parte do seu marido. Hoje, aos
67 anos e paraplégica devido a um tiro que levou do ex-marido, seu nome batizou
uma lei, criada em 2006, que pode ajudar a salvar milhares de mulheres no
Brasil: Maria da Penha, esse é o nome da lei e da mulher que a inspirou.
Mesmo com a existência da Lei Maria da Penha, é preciso
fazer um trabalho educativo permanente pelo fim do machismo e da violência contra
as mulheres. Por essa razão, as secretarias de politicas para as mulheres são
fundamentais. Nesse ponto, o município de Pio XII, ao criar tal secretaria, dá
o exemplo para outros municípios do Brasil.
Quanto a nós, homens esclarecidos, não
podemos nos calar diante de toda essa violência. Devemos levar adiante essa compreensão
e difundir o respeito nas relações entre homens e mulheres. Quem sabe assim consigamos
criar uma cultura mais avançada que a “sociedade do conhecimento”: a sociedade
do respeito.
até quando ficaremos vendo essas agreções desumanas??
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