sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Não podemos nos calar diante da violência contra a mulher


Intervenção "Removing pain", da artista Beth Moysés

Soube quarta-feira que um rapaz, morador da zona rural do nosso município, agrediu covardemente sua namorada, chegando inclusive a rasgar as roupas dela. As duas jovens que me contaram, disseram também, com grande revolta, que no povoado onde aconteceu esse absurdo os rapazes são “muito violentos” com as mulheres. Se esses trogloditas tratam a mulher dessa forma ainda na fase do namoro, imaginem o que farão quando se tornarem maridos! Para algumas mulheres, o casamento se torna, então, uma lei áurea ao contrário: ao se casar, elas estão decretando sua própria escravidão.
Infelizmente, violências desse tipo não ocorrem só na zona rural, tampouco apenas em cidades pequenas. A violência contra a mulher ocorre em áreas urbanas e rurais, em cidades grandes e pequenas, em países desenvolvidos e em países atrasados. Tem raízes históricas numa sociedade machista e patriarcal, que trata a mulher como inferior, subalterna, propriedade do homem.
De maneira muito lenta e desigual, as leis vão sendo alteradas, definindo em marcos legais a igualdade entre homens e mulheres. No entanto, não se muda a cabeça das pessoas simplesmente alterando as leis. E, apesar da tão propagada “sociedade do conhecimento” em que supostamente vivemos, várias atitudes masculinas representam um tremendo retrocesso, como se a cultura e a educação de alguns homens continuassem circunscritas à estupidez medieval.
Poderia citar vários exemplos desses comportamentos estúpidos, mas me limitarei a citar o caso da universitária indiana de 23 anos, estuprada e morta por seis homens em dezembro passado (uma organização não governamental denunciou ontem que cerca de 7 mil crianças por ano são vítimas de estupro na Índia). Também ontem vejo aqui a notícia de uma mulher torturada e queimada viva em Papua Nova Guiné, acusada de bruxaria. Ou seja: tal como séculos atrás, em vários pontos do planeta as mulheres continuam sendo vítimas da violência, simplesmente por serem mulheres.
Em um ponto do planeta, uma mulher sobreviveu a duas tentativas de assassinato por parte do seu marido. Hoje, aos 67 anos e paraplégica devido a um tiro que levou do ex-marido, seu nome batizou uma lei, criada em 2006, que pode ajudar a salvar milhares de mulheres no Brasil: Maria da Penha, esse é o nome da lei e da mulher que a inspirou.
Mesmo com a existência da Lei Maria da Penha, é preciso fazer um trabalho educativo permanente pelo fim do machismo e da violência contra as mulheres. Por essa razão, as secretarias de politicas para as mulheres são fundamentais. Nesse ponto, o município de Pio XII, ao criar tal secretaria, dá o exemplo para outros municípios do Brasil.
Quanto a nós, homens esclarecidos, não podemos nos calar diante de toda essa violência. Devemos levar adiante essa compreensão e difundir o respeito nas relações entre homens e mulheres. Quem sabe assim consigamos criar uma cultura mais avançada que a “sociedade do conhecimento”: a sociedade do respeito.

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