Ana Cléia da Conceição
Em 58, eu era um pouco atrasado,
Tudo que eu possuía era um pinto pelado.
Chegaram os meus amigos para jantar,
Olhei para a coroa e perguntei:
O quer faço para jantar?
Ela respondeu: - Mata o pinto e péla.
Para matar o pinto pelado,
Quebraram cinqüenta machados,
Fora os que eu pedi emprestado.
Mas quando o pinto morreu,
Foi pinto na panela, pinto na panelada,
Pinto no espeto, pinto na espetada.
Pinto pro vizinho, pinto pra vizinhada.
Levei pinto pro açougue,
Apurei 1 milhão, fora o que ficou fiado.
Cheguei em casa, olhei pra coroa e disse:
Agora estou todo arrumado,
Olhei pra despensa e tinha ¾ e meio de pinto salgado.
Esse texto faz parte de uma tradição oral, poema popular contado e recontado por aedos* anônimos. Foi recolhido por Ana Cléia da Conceição. Ana Cléia nasceu em Pio XII, Maranhão. É filha de Francisca Maria da Conceição e Mauro Luis Gonzaga. Um dos problemas atuais que mais a preocupa é o desemprego. Atualmente cursa o 1o Ano do Ensino Médio no colégio Newton Bello, em Pio XII. Faz aniversário no dia 22 de fevereiro.
*Aedo: (é) sm. 1. Aquele que, na Grécia antiga, contava em versos uma ação heróica. 2. P. ext. Poeta [Dicionário Aurélio].