terça-feira, 21 de agosto de 2012

Dinheiro fácil, demagogia e opressão


Nestas eleições, a população de Pio XII tem assistido a uma campanha eleitoral com evidentes “sinais exteriores de riqueza”. Trata-se da campanha de Carlos do Biné, sobrinho do atual prefeito Mundiquinho e candidato à prefeitura de Pio XII pelo Partido Verde. O mais irônico é que o candidato utiliza a expressão “simples como você” para se apresentar aos eleitores. Uma campanha rica feita numa cidade pobre merece ser analisada detalhadamente.
A carreata realizada pelo sobrinho do prefeito no dia 11/08 mostrou esse contraste. Pela primeira vez em Pio XII um avião “participou” de uma carreata, como declarou o locutor da campanha. Com qual intenção? Impressionar os piodozenses? De fato, é impressionante como um candidato que se declara simples, utiliza um avião em sua campanha, contrastando com a vida humilde que leva a maioria da população. Como bem declarou um cidadão ouvido pelo Notícias: “é uma falta de respeito com a população usar um avião numa campanha quando não se tem sequer uma ambulância na cidade para levar os doentes para São Luís!”.
Outro sinal de uma campanha nada “simples” são as inúmeras histórias que circulam na cidade sobre “ofertas” feitas por Carlos do Biné e seus aliados para conseguir o voto dos piodozenses. Os exemplos são vários; entre os que o Notícias pôde apurar estão o favorecimento no emprego público e o “pagamento” para eleitores pregarem cartazes ou outras manifestações de apoio. Por essa razão, os adversários apelidaram Carlos do Biné de Silvio Santos, uma referência ao apresentador do SBT, conhecido pelo bordão “Quem quer dinheiro?”. Bordão que tem sido muito ouvido durante essa campanha eleitoral.    
Essa é só a ponta do iceberg. “Tá tudo dando certo”; então, para que mudar? É um dos refrãos da campanha. Faltou dizer: dando certo para quem? Sem dúvida, está dando certo para a família Batalha e os mais “chegados”, mas não para a maioria dos piodozenses. Se as coisas estivessem “dando certo” para os piodozenses, grande parte dos jovens não precisaria sair da cidade para procurar emprego em outros lugares. O maior registro de trabalho escravo já feito no Brasil foi em 2007, no Pará. Lá foram encontrados 1.065 trabalhadores escravos; tristemente, 70 deles eram naturais de Pio XII.
Se estivesse dando certo para os piodozenses, não teríamos 31,5% de analfabetos na população com mais de 15 anos (dados do IBGE, 2010). Teríamos projetos de desenvolvimento da leitura e a biblioteca pública municipal não viveria constantemente fechada. Pelo contrário: outras bibliotecas seriam abertas, estimulando os piodozenses a ler (coisa que não interessa aos poderosos, pois um povo que lê, conhece mais seus direitos e não se deixa enganar facilmente com mentiras).
Em Pio XII, os jovens que terminam o ensino médio estão completamente privados de oportunidades; não são apresentadas quaisquer alternativas para se desenvolverem na educação, na cultura ou profissionalmente: não existe qualquer projeto do município voltado para o crescimento educacional, artístico-cultural e/ou profissional dos jovens. Na visão da atual administração, o ideal é deixar os jovens sem opções, pois assim é mais fácil enganá-los com “ajudas” imediatas e que não contribuem para a autonomia da pessoa. Na concepção deles, pessoas que pensam e agem com autonomia, não é bom; o ideal, para eles, são pessoas no cabresto.
Outros dados obtidos pelo IBGE no censo de 2010 mostram que as coisas não estão “dando certo” para a maioria dos piodozenses:
# De 3.175 domicílios na zona urbana de Pio XII, apenas 0,7% possuem saneamento adequado;
# Na zona rural, esse índice é zero: dos 2.220 domicílios, não há um sequer com saneamento considerado adequado;
# O rendimento médio domiciliar por pessoa em Pio XII equivale, na zona urbana, a apenas 43% do salário mínimo;
# Na zona rural, esse valor cai para apenas 31% do salário mínimo.
Poderíamos ainda falar das condições das ruas, esgotos a céu aberto, etc. Logo, repetimos a pergunta: o que está “dando certo”?
Outra face da campanha de Carlos do Biné é a demagogia. Esse é um dos artifícios usados pelo governo capitalista para enganar o povo. Exemplo dessa demagogia é apresentar o candidato Carlos do Biné como “simples” e “jovem”. Já comentamos sobre a suposta simplicidade. Sobre o ser “jovem”, é preciso reconhecer que juventude não é só uma condição física, mas espiritual e política. Alguém pode ser considerado jovem na idade e velho em suas concepções de vida. Quão jovem é alguém que faz politica sob a base dos velhos esquemas de financiamento e em benefício de uma minoria? O que há de jovem nessa atitude?
Pode ser considerada “jovem” uma pessoa intolerante e que defende posições politicas ultrapassadas, como é o caso do vereador Assis Filho, um dos principais defensores da candidatura Carlos do Biné?
Em seu discurso, no comício do dia 11/08, Assis Filho falou bobagens e baixarias. Uma das bobagens foi questionar que a Praça do Gavião não teria sido construída pelo ex-prefeito Veloso (porém, com certeza, seria destruída pelo atual prefeito Mundiquinho, responderam alguns).
O mais lamentável, contudo, foram as expressões de ódio e de baixo nível que Assis usou contra o presidente da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), Flávio Dino. A baixaria protagonizada por Assis aconteceu um dia após a visita de Flávio Dino a Pio XII, em apoio ao Dr. Franzé, candidato à prefeitura pelo PC do B.
Não por coincidência, exatamente dois anos antes, em 12/08/2010, Assis Filho foi manchete na imprensa maranhense por ter levado um grupo de jovens à cidade de Imperatriz para tentar impedir o escritor Palmério Dória de lançar o livro “Honoráveis bandidos: um retrato do Brasil na era Sarney”. Durante o lançamento do livro, enquanto falava o líder camponês Manoel da Conceição, Assis e seu grupo “começaram a gritar e a jogar ovos nos membros da mesa. Palmério Dória, que se levantou, foi atingido na barriga; Manoel, que tem uma perna mecânica, caiu ao chão; os demais, atônitos, como eu, ficamos em pé, sem sabermos ao certo o perigo que corríamos”, declarou o jornalista Adalberto Franklin. As pessoas presentes entraram em confronto com o grupo de Assis e o livro, felizmente, pôde ser lançado. Contudo, a intenção de Assis era calar, à força, a liberdade de pensamento e de expressão do jornalista Palmério Dória. Esse é o “jovem” Assis Filho, aliado do “jovem” Carlos do Biné.     
Outro aspecto da campanha de Carlos do Biné é a opressão. Opressão com que funcionários públicos são perseguidos, opressão que sentem adolescentes, ouvidos pelo Notícias, que declararam estarem se sentindo “obrigados” a participar da campanha. Opressão em forma de ameaças a comerciantes, de que se não se aliarem a Carlos do Biné, terão que fechar suas portas, como declarou cinicamente um dos coordenadores da campanha.
O governo de Carlos Biné se apresenta como a continuidade do governo Mundiquinho. Tal tio, tal sobrinho. Se em matéria de transparência, a administração Mundiquinho ganha nota zero, o que dizer do futuro governo do seu sobrinho? Na gestão Mundiquinho, as contas públicas de Pio XII são um mistério. Em 2008, Mundiquinho quase perdeu o cargo de prefeito, depois de uma ação civil pública que culminou em julgamento no Tribunal de Justiça, em São Luís. A maioria dos piodozenses desconhece esse fato. Como também desconhecem que em processo recente foi pedida a indisponibilidade dos bens de Mundiquinho, investigado por improbidade administrativa. Enquanto Pio XII vive uma situação de carência evidente, a administração Mundiquinho evita mostrar ao povo as contas do seu governo. Esse não é um sinal de que as coisas estejam dando certo.
 Em oito anos de mandato, transparência não é a palavra que define a relação de Mundiquinho com o dinheiro público. Em 2010, o nome da prefeitura de Pio XII aparece num relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras a respeito do escândalo conhecido como Ópera Prima (desvio de recursos da saúde pública do Maranhão). Foi identificado um depósito de R$ 180 mil da prefeitura de Pio XII na conta do ex-deputado estadual Aderson Lago, pivô do escândalo e amigo de velha data de Mundiquinho. As contas da prefeitura de Pio XII, apresentadas ao Tribunal de Contas (TCE) por Mundiquinho, referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007 todas foram desaprovadas pelo TCE.
Assim, as coisas não são tão simples como parecem. A candidatura Carlos do Biné representa a continuidade de um tipo arcaico de administração, baseada na perseguição aos adversários, na falta de transparência, e no poder do capital: para esses políticos, os seus interesses estão em primeiro lugar, não as necessidades e carências da população.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Denúncia: pessoas têm que pedir licença aos urubus para poderem entrar no mercado municipal de Pio XII.


Uma imagem vale mais que mil palavras: é o que mostra a denúncia feita por Núbia Araújo, candidata a vereadora pelo PRB (Partido Republicano Brasileiro), através das fotos postadas no site de relacionamentos facebook. Nas fotos, constata-se a livre presença de urubus na entrada do mercado público municipal. Um perigo para a saúde da população e uma vergonha para nossa cidade. Veja abaixo algumas das fotos:

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Assistencialismo e apadrinhamento, raízes da corrupção nos municípios


Por Welliton Resende
Para a maior parte dos prefeitos corruptos é muito mais vantajoso por em prática o assistencialismo que efetivamente aplicar os recursos públicos em prol de políticas públicas que sejam transformadoras da realidade local.
Esta prática,  que vem desde o período colonial,  consiste na ação de pessoas, organizações governamentais e entidades junto às camadas sociais menos favorecidas, marginalizadas e carentes, caracterizada pela ajuda momentânea, filantrópica, pontual (doações de alimentos e medicamentos, por exemplo).
O grande problema do assistencialismo é que ele não é capaz de transformar a realidade social das comunidades mais pobres, pois atende apenas às necessidades individuais e a ajuda é feita por meio de doações.
Além disso, é muito mais "barato" dar à população material de construção, pagar suas contas de água e luz ou,  até mesmo,  doar remédios aos doentes. Isto caro leitor, custa muito menos que construir escolas, hospitais ou mesmo dotar o município de infraestrutura urbana. No entanto, o abandono secular das populações continua.
O assistencialismo, ao contrário do que se costuma imaginar, causa a conservação da situação de carência das camadas marginalizadas, visto que, por ser uma prática de doação, é um ótimo meio de construção de uma imagem favorável dos doadores. Resumindo, o prefeito vai sempre posar de "bonzinho" e cair nas graças da população.
No Sistema Federativo Brasileiro os municípios foram criados para atender a todos os habitantes da base territorial-geográfica indistintamente; e não apenas aqueles  que, de uma forma ou outra,  conseguem  levar alguma vantagem devido ao grau de parentesco, coleguismo ou outra forma de afinidade.
O prefeito que pratica o assistencialismo e o apadrinhamento está cometendo não só um crime contra a legislação, mas, principalmente, contra todo o conjunto da sociedade que confiou em suas propostas e o elegeu.